O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres “Pró-Arara”, uma das novas atrações do Lago Municipal, recebeu nessa sexta-feira (25) as primeiras aves silvestres: duas araras-canindés (nome científico: ara ararauna). As aves foram encaminhadas pela 4ª Companhia da Polícia Militar Ambiental de Ribeirão Preto.
A revitalização do Lago será entregue neste domingo (27), às 9h, em evento aberto à população.
De acordo com o boletim de ocorrência, as aves já adultas foram apreendidas em cativeiros durante operações da Polícia Militar Ambiental contra o tráfico e comércio ilegal de animais silvestres. Temporariamente, as aves estavam em um zoológico em Ribeirão Preto até serem liberadas para o Centro “Pró-Arara”, para reabilitação.
O local recebeu licença de funcionamento na última quinta-feira (24), da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
No termo de destinação de animais da Polícia, que autoriza a entrada do animal ao Centro, consta que as aves estão saudáveis. Elas foram soltas no viveiro menor para que sejam feitos os primeiros exames e recebam as anilhas de identificação e monitoramento.
A arara-canindé possui a parte superior do corpo de coloração azul e a inferior amarela, além de fileiras de penas faciais pretas e garganta também preta. Elas têm comprimento que varia entre 75 cm e 86 cm e peso entre 995 g a 1380 g. A base de alimentação das aves são frutas e sementes na sua maioria de palmeiras.
Fernanda Senter Magajevski, veterinária e coordenadora do Centro, disse que o momento é histórico para a cidade e um grande passo para a preservação de araras na região.
“Farei ainda um diagnóstico do estado de saúde das aves com a coleta de sangue para saber se elas estão realmente saudáveis e se não têm doenças. A princípio, elas estão bem, pois já que saíram da gaiola arrumaram e ajeitaram as penas. Isso é um indicativo de bom estado de saúde”, disse.
Ainda segundo Fernanda, as aves só irão para o outro viveiro maior após um período de readaptação e depois de confirmado que não estão doentes. “Não podemos colocar as aves diretamente no viveiro maior, que é o último estágio de reabilitação. Pode ocorrer de alguma ave transmitir doenças para aquelas que estão mais saudáveis e reabilitadas”, explicou.
Além disso, serão realizados testes de DNA (ácido desoxirribonucleico) para identificação do sexo das araras. O dimorfismo sexual (características físicas que definem diferenças entre macho e fêmea) nas famílias dos psitacídeos (araras e papagaios) é muito pequeno, o que dificulta a identificação do sexo em qualquer fase.
Atualmente, são utilizadas técnicas modernas de laboratório e, por meio do DNA, é possível identificar se a ave é macho ou fêmea com uma precisão de 100%. Esta técnica consiste de coleta de sangue ou penas que, levadas a um laboratório, determinam o sexo das aves.
Quanto ao tempo de permanência das aves no Centro, a veterinária adianta que não há como precisar o período. “O tempo delas no centro vai depender muito do estado de saúde de cada indivíduo e de como ele irá se comportar. Isso varia de ave para ave. Algumas podem se reabilitar facilmente e ficar aqui durante uma semana ou um mês. Outras levam até um ano para serem liberadas à área de soltura e monitoramento”, disse.
Além das aves encaminhadas nesta sexta-feira (25) está prevista ainda para os próximos dias a chegada de mais oito aves que virão do Centro de Recuperação de Animais Silvestres, que fica dentro do PET (Parque Ecológico do Tietê), em São Paulo. Elas já estarão anilhadas e saudáveis e serão encaminhadas diretamente ao viveiro maior e, em seguida, liberadas para a área de soltura e monitoramento.
O que é o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres?
Preservar o meio ambiente e as espécies em extinção. Esse é o propósito do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres “Pró-Arara”. Instalado dentro do parque, o espaço será destinado ao cuidado de aves nativas, apreendidas em cativeiros ou vítimas de acidentes, visando à reabilitação e a reintegração delas ao habitat natural.
Todas as aves apreendidas pela Polícia Militar Ambiental e pelo Corpo de Bombeiros na cidade ou região serão encaminhadas ao Centro de Reabilitação, onde passarão por exames e cuidados veterinários, se necessário.
No local, todas as aves recebidas serão tratadas por uma equipe formada por um veterinário, uma bióloga, três cuidadores, além de auxiliares administrativos. Depois deste período de tratamento e reabilitação, as aves serão encaminhadas a uma área de soltura e monitoramento, que fica na zona rural de Araras e será parceira da Prefeitura.
O Centro “Pró-Arara” é composto por uma sala administrativa, ambulatório, uma cozinha para o preparo da alimentação das aves e viveiros. Além disso, há uma sala destinada a educação ambiental onde irão ocorrer capacitações e palestras para alunos das escolas da cidade.
O coordenador do IBPN (Instituto Brasileiro de Proteção à Natureza) Rogério Caldas esteve presente na visita técnica às obras do Lago Municipal nesta sexta-feira (25) e explicou como funcionará o centro.
Ele esclareceu que o local será destinado ao cuidado e reabilitação das aves e que as visitas serão monitoradas e pré-agendadas. “O Centro Pró-Arara não é um zoológico e tem por objetivo principal reabilitar as aves silvestres apreendidas e encaminhadas pela Polícia Ambiental, e devolvê-las à natureza. No viveiro de maior porte, as aves reaprenderão a voar e serão liberadas posteriormente na área de soltura localizada em uma área da zona rural do município”, explico Rogério.
Junto ao Centro, há uma sala destinada à educação ambiental onde irão ocorrer capacitações e palestras para alunos das escolas da cidade. Além disso, foi criado um espaço com vidro onde os alunos e visitantes poderão observar as araras no viveiro. “É importante salientar que os animais que ficarão no Centro estarão em reabilitação. Por isso, a população não terá o contato próximo com as aves, o que poderia desencadear uma situação de stress que prejudicaria a recuperação delas”, completou.
O projeto do Centro “Pró-Arara” visa, principalmente, a recuperação e preservação das espécies como a Arara-canindé (Ara ararauna) e a Arara-vermelha (Ara chloropterus), que povoavam as paisagens locais na época em que a cidade foi fundada, originando, inclusive, o nome do município.
Horácio Busolin Júnior / Secom