25 de julho de 2014. Dia histórico para Araras. Há um ano, o Centro Pró-Arara recebia as primeiras aves para reabilitação no novo espaço, inaugurado dia 27 de julho, junto a outras atrações do novo Parque Municipal Fábio da Silva Prado - Lago.
Desde então, teve início na cidade o trabalho inédito para reabilitar animais silvestres, encaminhados em sua maior parte pela Polícia Ambiental, vítimas de maus tratos ou apreendidas ilegalmente em cativeiros.
Balanço divulgado pelo Centro nesta sexta-feira (24) mostra que, em um ano de funcionamento, foram recebidos 239 animais silvestres, sendo 38 de espécies diferentes de aves e duas espécies de mamíferos - três ouriços-cacheiros e um gambá.
Entre as espécies de aves, que são o público-alvo para reabilitação no Centro, foram recebidos papagaios de três gêneros (verdadeiro, do mangue e campeiro); periquitos maracanã, rei e do-encontro-amarelo; jandaias-da-testa-vermelha; tucanos; corujas; gaviões; carcarás; siriema; e um urubu já reabilitado e devolvido à natureza.
Já da espécie passeriforme, popularmente chamada de passarinho, foram encaminhados e reabilitados trinca-ferros, coleirinhos, canários-da-terra, pássaros-pretos, curiós, etc.
A coordenadora e veterinária do Centro Pró-Arara Fernanda Senter Magajevski destacou os resultados do primeiro ano de funcionamento do local. “Creio que estamos no caminho certo para cumprir nosso objetivo, que é salvar esses animais e depois devolvê-los à natureza. Se todas as Prefeituras do Estado de São Paulo adotassem este modelo de Centro de Reabilitação como o nosso, que é bancado pelo Governo Municipal, diminuiríamos o tráfico de animais e poderíamos recuperar as espécies em extinção, contribuindo assim para a preservação ambiental”, aponta.
Além do Centro Pró-Arara, o projeto de reabilitação das aves também conta com uma Área de Soltura e Monitoramento (ASM) de aves silvestres, instalada em área particular, que fica na zona rural da cidade.
Em 7 de janeiro, outro dia histórico para Araras, as primeiras aves assistidas pelo projeto Pró-Arara foram soltas na natureza, após ficarem quatro meses na Área de Soltura e Monitoramento (ASM). Ao todo, 73 aves que passavam por readaptação no local foram devolvidas à natureza: 54 papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva) e mais 19 araras da espécie canindé.
É importante frisar que estas aves soltas não vieram do Centro Pró-Arara do Lago Municipal, e sim de outros centros de reabilitação de animais silvestres e Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres), localizados nas cidades de Lorena, Ribeirão Preto e Barueri.
A coordenadora do espaço reforça que do Centro Pró-Arara foram encaminhados, em um ano, para Área de Soltura, seis tucanos, três papagaios e uma siriema. Além disso, esta semana foi autorizada a liberação de duas araras que serão as primeiras reabilitadas exclusivamente no Centro Pró Arara e liberadas para a área de soltura.
Pela primeira vez em aproximadamente 100 anos, os fragmentos florestais da zona rural da cidade e alguns pontos da zona urbana passaram a ser povoados novamente pelas araras-canindé.
As aves são símbolo da cidade, pois povoavam a região na época em que o município foi fundado, originando, inclusive, seu nome.
“Somos uma das únicas cidades do Estado de São Paulo que bancam com recursos próprios a manutenção de um centro como esse. Fazemos um trabalho de “formiguinha”, mas que terá um resultado muito produtivo no futuro. Queremos que os cidadãos se conscientizem da importância na preservação ambiental e dos impactos nocivos do tráfico irregular de animais na natureza, o que é um dos principais motivos para extinção de espécies importantes para o equilíbrio dos biosistemas”, afirmou o prefeito Nelson Dimas Brambilla.
Da onde vieram os animais silvestres para reabilitação?
Tanto as aves quanto as outras espécies que chegam ao Centro Pró-Arara são apreendidas pela Polícia Militar Ambiental e pelo Corpo de Bombeiros na cidade ou região e prontamente encaminhadas ao Centro de Reabilitação, onde passam por exames e cuidados veterinários, se necessário.
O balanço divulgado pelo Pró-Arara indica que 64,43% dos animais foram encaminhados pelo Polícia Militar Ambiental. Já os outros 35,57% foram encaminhados pelo Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal, Polícia Civil, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Quanto à origem dos 239 animais encaminhados, 46,44% vieram de Araras e o restante de Ribeirão Preto, Araraquara, Araçatuba, São Paulo, São João da Boa Vista, Franca e outras cidades vizinhas como Rio Claro, Mogi Mirim, Pirassununga, entre outras.
Uma parcela desse total também foi trazida ao Centro pela comunidade em geral. São animais encontrados em situação de abandono por cidadãos ou que estavam mesmo em situação irregular e foram trazidos para reabilitação. No entanto, a veterinária Fernanda alerta a população para que, ao deixar o animal no local, avise imediatamente a equipe de biólogos e veterinários.
“Acontece muito das pessoas simplesmente deixarem os animais no portão e irem embora. Isso é preocupante, pois nem sempre há tempo hábil para socorrê-los”, alerta.
A maior parte dos animais que chega ao local, de acordo com Fernanda, são vítimas de tráfico irregular, animais com traumas ou debilitados, e até filhotes que caem do ninho ou encontrados em situação de risco.
Reabilitados
O Centro Pró-Arara tem como principal objetivo o cuidado de aves nativas, apreendidas em cativeiros ou vítimas de acidentes, visando à reabilitação e à reintegração delas ao habitat natural.
No local, todas as aves recebidas serão tratadas por uma equipe formada por um veterinário, uma bióloga, três cuidadores, além de auxiliares administrativos. Depois deste período de tratamento e reabilitação, as aves serão encaminhadas a uma área de soltura e monitoramento, que fica na zona rural de Araras e é parceira da Prefeitura.
Balanço aponta que 133 dos 239 animais que chegaram ao Centro Pro Araras - o equivalente a 55,65% - já foram reabilitados à vida em liberdade e três encaminhados a um zoológico – em razão da impossibilidade de serem devolvidos à natureza. Atualmente, o local atende 76 animais que permanecem sob cuidados veterinários.
“Apesar dos esforços da equipe do Pró-Arara, alguns animais que chegaram ao local não puderam ser salvos por estarem muito debilitados ou com traumas muito extensos. Em um ano, tivemos 27 nesta situação, que faleceram no próprio Centro. A média de perdas de animais em outros Centro de Reabilitação e Cetas é de 40%. Em Araras, ela é de 11,29%”, observou.
Mais de 1,5 mil visitas
O Centro Pró-Arara também foi criado para receber visitas da população em geral, que podem ser agendadas, sempre aos primeiros sábados de cada mês. O local também recebe periodicamente visitas de alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de Araras e até de cidades da região, como Limeira.
No Centro, há uma sala destinada à educação ambiental onde ocorrem capacitações e palestras para alunos das escolas. Além disso, há uma outra sala com parede de vidro para que o público observe as aves no viveiro.
Desde o início das visitas monitoradas, em outubro de 2014, cerca de 1.500 pessoas já passaram pelo centro. Entre eles, estudantes de 4 a 13 anos que conheceram o espaço e tiveram palestras de educação ambiental
Além das escolas, o espaço já recebeu grupos compostos por pessoas assistidas pelo Centro de Saúde Mental Aguinaldo Bianchini, por programas de reabilitação da Faculdade de Fisioterapia da Uniararas, universitários de cursos de biologia, biotecnologia, gestão em meio ambiente e professores da rede municipal de ensino.
“As visitas são muito positivas, pois nelas podemos explicar melhor como funciona o Centro e qual a sua finalidade, que é a preservação das espécies e o cuidado dos animais. O número de visitantes em um ano foi muito expressivo e esperamos receber o triplo para 2016. Buscamos conscientizar e envolver a população que, após as visitas, compreende a importância de não adquirir animais provenientes de tráfico e de saber cuidar e preservar a natureza e os animais que já estão em liberdade”, enfatizou.
Horácio Busolin Júnior/ Secom
Com informações do Centro Pró-Arara