O Saema (Serviço de Água, Esgoto e Meio Ambiente) de Araras já começou a colocar em prática medidas apontadas no Plano de Metas e Diretrizes para enfrentamento da crise hídrica no município, apresentado na última sexta-feira (16), em coletiva de imprensa.
Uma das ações que já teve início no último fim de semana é a ampliação na captação de água da Usina São João. Desde dezembro, o Saema tem feito a transposição da água da barragem por meio de dutos - já existentes e utilizados pela Usina na safra da cana - até um córrego que passa por uma APP (Área de Preservação Permanente), que fica atrás da empresa Federal Mogul, localizada às margens da Rodovia Anhanguera, e desemboca na Represa Hermínio Ometto (Jardim Sobradinho).
Nos últimos dias, o Saema realizou obras para ampliar o canal de transposição das águas e dobrou a capacidade de captação de 70 litros por segundo para 140 litros por segundo. Para isso, foi instalada uma segunda rede com tubulações de 200 mm, com aproximadamente 6km de extensão, para permitir transposição da água.
Segundo o Saema, nos próximos dias será instalada a bomba colocando em pleno funcionamento a segunda rede de captação. Também consta no plano a transposição de águas da barragem da Usina Santa Lúcia, ação que também deve começar em breve.
Outra ação importante que deve começar nesta semana é a ampliação da capacidade de captação do Rio Mogi Guaçu. A medida irá permitir aumento na captação de água dos atuais 200 litros/segundo para 340 litros/segundo com a instalação de nova bomba no local e implementação de outras melhorias. Com esta medida, este manancial poderá, excepcionalmente, sozinho, no período de racionamento, abastecer o Município,
pois o objetivo é fazê-lo ofertar não apenas 17.000 m³/dia, mas sim 29.000 m³/dia.
“Boa parte das medidas anunciadas no plano está sendo realizada desde o 2014. Umas delas foi a transposição das águas da barragem da Usina. No entanto, por meio das obras realizadas no fim de semana, dobraremos a captação. Outra obra importante que está em andamento é a ampliação da capacidade de captação do Mogi Guaçu. Demos início à instalação da bomba com serviços preliminares de medição da tubulação e adequação da parte elétrica. Todas as ações são de extrema urgência para minimizarmos a crise hídrica e evitarmos transtornos à população”, afirmou o presidente interino do Saema, Felipe Beloto.
Desassoreamento e perfuração de poços
Outras medidas anunciadas no plano e que serão de suma importância para o enfrentamento da crise hídrica são o desassoreamento da represa Hermínio Ometto e a perfuração de oito poços artesianos em pontos estratégicos da cidade.
De acordo com Beloto, duas licitações serão abertas ainda esta semana para a contratação dos serviços.
O desassoreamento da Hermínio Ometto será realizado de forma a restaurar o seu volume de armazenamento original – atualmente, prevê-se uma perda de volume na escala de 20% devido a impurezas acumuladas no seu leito.
Quanto aos oito poços artesianos, eles serão perfurados para abastecimento de locais específicos (prédios públicos e microrregiões de abastecimento). A previsão é que sejam instalados poços no seguintes locais: Creche Jd. Itamaraty; Creche Jd. Alto da Colina; Creche Jd. Tangará; Creche Jd. Morumbi; UPA 24h (Hospital Municipal - região Leste); Reservatório do Jd. das Nações; Reservatório do Jd. Dalla Costa e Reservatório do Jd. Rosana.
Ainda segundo o plano de metas, se com essa medida for obtida água de qualidade e vazão adequada para o abastecimento, serão perfurados mais vinte poços artesianos, ao lado dos reservatórios espalhados pelas regiões da cidade; tornando esta medida de médio prazo.
Redução do mínimo de consumo
Mais uma medida a curto prazo que visa minimizar a crise é a redução do mínimo de consumo que deve passar de 18.000 litros para 10.000 litros. No entanto, a medida ainda precisa da autorização da Ares PCJ, agência reguladora a qual o Saema é filiado.
Após isso, a proposta é discutir a mudança em audiência pública com a participação da população - evento marcado para acontecer na primeira semana de fevereiro.
Além disso, será dado um incentivo (desconto em conta) aos cidadãos que economizarem água e consumirem até 5.000 litros/mês.
Entre as medidas de curto prazo a serem implementadas estão ainda a captação e transposição das águas dos ribeirões urbanos e de mais represas particulares da zona rural; o reflorestamento do entorno de represas e nascentes, além de campanhas de conscientização pelo uso racional da água, intensificação da fiscalização contra desperdícios e melhoria no atendimento telefônico do Saema.
Também serão suspensas imediatamente autorizações para novos parcelamentos de solo – novos loteamentos.
Medidas a médio e longo prazo
Já em médio prazo serão tomadas medidas como a troca de tubulações de água do Centro, onde se concentra a maior parte das perdas de água tratada registradas pelo Saema. A meta é reduzir essas perdas em 15% nos próximos 24 meses.
Conceder incentivo a produtores de água através da preservação de nascentes, incentivo este amparado em legislação específica, incentivar o reuso de água em residências e empresas, gerenciar contratos de grandes consumidores de água visando uso racional, estão também entre as medidas de médio prazo.
E em longo prazo, a meta é preparar a construção de uma nova represa, implantar o Sabaz-Norte, conjunto de obras para melhorar o abastecimento da região norte da cidade e realizar estudos para uma nova ETA (Estação de Tratamento de Água) para a região leste da cidade.
Após apresentação do plano de metas, o presidente do Saema deixou claro que o racionamento não muda por enquanto, mantendo-se no sistema de 12h com água por 36h sem água.
Secom/PMA