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Publicado em: 14/10/2014 às 15:58
Fornecimento de água será interrompido entre 6h e 18h a partir desta quinta-feira
Racionamento simultâneo para 100% dos bairros foi anunciado nesta terça-feira (14) pelo Saema; medida visa poupar reserva de segurança durante estiagem severa

O abastecimento de água feito pelo Saema (Serviço de Água, Esgoto e Meio Ambiente) será interrompido entre 6h e 18h para 100% dos bairros de Araras, a partir desta quinta-feira (16).

O racionamento foi anunciado pelo presidente da autarquia, Carlos Cerri Júnior, em coletiva de imprensa na qual mais detalhes foram divulgados. A medida está sendo implementada devido ao agravamento da estiagem severa enfrentada por praticamente toda a região Sudeste e outras partes do Brasil.

Segundo o presidente, a decisão de adotar o racionamento foi tomada em conjunto com técnicos do Saema e com aval do prefeito Nelson Dimas Brambilla.

O racionamento vai vigorar inicialmente nesta quinta (16) e sexta-feira (17). No fim de semana, o Saema vai avaliar os eventuais problemas de rede ocasionados pela interrupção no fornecimento. E na segunda-feira (20), o racionamento será retomado em dias úteis e também sábados e domingos, até que chova o suficiente para que as reservas de água bruta possam começar a ser recuperadas.

Cerri estima que, para que isso ocorra, são necessários pelo menos de 100 a 120 milímetros de chuva sequencial.

De acordo com dados do Saema, de janeiro a setembro do ano passado, a cidade registrou um total de 952,7 milímetros de chuva, contra apenas 524,9 milímetros no mesmo período de 2014.

Como resultado, dos cerca de 14 milhões de litros de água bruta que em condições normais estariam armazenados em quatro represas de Araras – três públicas e uma particular, hoje existem apenas pouco mais de 2,8 milhões de litros – cerca de 20% do total. E a captação de água do rio Mogi Guaçu, que complementa a demanda, está em um terço do volume normal, devido às péssimas condições do rio, também castigado pela estiagem.

“Já chegamos a captar 180 litros de água por segundo no Mogi. Agora, com muito sacrifício, estamos captando 70 litros por segundo e, sem chuva, nem isso poderemos mais captar em breve”, estimou ele.

Absorção e evaporação
As altas temperaturas dos últimos dias, conforme Cerri, agravam ainda mais a situação, já que intensificam dois fenômenos naturais incontornáveis – a absorção de água pelo solo no entorno das represas e, ainda, a evaporação. “As áreas inundadas das nossas represas recuam de 20 a 30 centímetros por dia, devido também a esses processos naturais com o período tão seco”, explicou Cerri.

A decisão de interromper o fornecimento de água para 100% dos bairros simultaneamente, ao invés de adotar sistema de rodízio por regiões da cidade, se deve, segundo Cerri, a uma questão de isonomia.

“Se você começa por determinados bairros, sempre pode dar ao cidadão a sensação de que justamente ele está sendo mais penalizado do que os demais”, argumentou.

Hospitais e grandes consumidores industriais como Nestlé, DPA (Dairy Partner’s Americas) e Citrosuco não serão afetadas, mas o Saema garante que todas estão engajadas em rigorosos programas de economia de água.

“Elas utilizam boa parte da água de seus próprios poços artesianos”, garantiu ele. “Temos as leituras para comprovar que estão economizando a água da rede do Saema”, acrescentou.

Medida é fruto de planejamento
Durante a coletiva de imprensa, Cerri enfatizou várias vezes que o racionamento é resultado de um minucioso planejamento feito pelo Saema desde o fim do ano passado.

“Quando nós percebemos que ainda no verão passado as chuvas não vieram conforme o previsto, já nos atentamos para o que poderia vir pela frente. No começo do ano elaboramos um planejamento com nossos técnicos e dimensionamos nossas reservas, que naquela ocasião, se as chuvas não viessem como não vieram, estimamos como seguras até setembro, início de outubro. E assim está sendo. Tomamos a decisão no tempo determinado pelo nosso planejamento”, reiterou o presidente do Saema.

Cerri afirmou, ainda, que com essa medida as reservas atuais que durariam entre 40 e 50 dias, poderão ser poupadas para abastecer a população – ainda que com interrupções – por mais 40 a 50 dias adiante. “Vamos lembrar que a seca é generalizada na região e muitas cidades próximas de nós nem racionamento estão fazendo mais, porque a água já acabou e não há o que racionar”, disse ele.

O presidente do Saema lembrou dos investimentos feitos nos últimos anos pela autarquia e pela administração municipal para assegurar o abastecimento de água à população e também aos setores comercial, industrial e de serviços.

“Nós concluímos a represa João Ometto Sobrinho – Água Boa, investimos em seis grandes reservatórios e estamos implantando mais seis. E trocamos mais de 25 mil hidrômetros, reduzindo perdas. Agora, a natureza é sábia e com ela ninguém pode. Chegou o momento de racionar e pedimos à população que colabore para que atravessemos esse período difícil”, afirmou.

Campanhas, multas e perspectivas de investimentos
Cerri relembrou também medidas que o Saema vem tomando desde a metade do ano para combater o desperdício de água e conscientizar a população sobre a gravidade da situação.

“Adotamos as multas para coibir algumas práticas que no momento são lesivas, como lavagem de calçadas e carros utilizando mangueiras, vetamos os serviços de lava-rápido de postos de combustíveis, algo que ninguém queria, mas que foi necessário. Fizemos intensa divulgação para alertar as pessoas”, disse ele.

Participando da coletiva, o prefeito Brambilla afirmou que estuda, com Cerri e técnicos do Saema, a possibilidade de, se necessário, perfurar poços artesianos para suprir parte da demanda de água da população nos próximos meses. “Se perfurarmos de 10 a 15 poços, poderemos vir a obter cerca de 20% da demanda, mas isso ainda é uma perspectiva e um estudo será feito”, afirmou.

Secom/PMA