Em nota oficial, a FMC Química do Brasil Ltda anunciou na última quinta-feira (10) que não dará prosseguimento à construção da fábrica em Araras. Com isso, a cidade deixará de gerar mais de 400 empregos diretos e indiretos.
Além disso, a Prefeitura deixará de arrecadar mais de R$ 12 milhões anuais com o ICMS, o que iria possibilitaria novos investimentos nas áreas de educação, esporte, saúde, segurança pública, entre outras.
Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (11), no Paço Municipal, o prefeito Nelson Dimas Brambilla lamentou a situação e ressaltou que a empresa iria contribuir para o desenvolvimento do município.
Ele ressaltou mais uma vez que a Prefeitura teve papel facilitador no processo de instalação da empresa, assim como faz com os investidores que querem se instalar na cidade, sempre cumprindo a legislação do Prodeia (Programa de Desenvolvimento Econômico Integrado de Araras).
Brambilla também também destacou que a FMC chegou a Araras por meio do Investe São Paulo, órgão do Governo do Estado que busca o desenvolvimento dos municípios paulistas, e que a administração respeitou o sigilo durante a negociação.
“Seguimos todas as diretrizes necessárias para facilitar a vinda da empresa e buscamos todo o respaldo técnico na Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que certificou a legalidade e a segurança na instalação da FMC. O próprio Governo do Estado também se manifestou favorável e ratificou a decisão da Cetesb”, destacou.
Em nota, a FMC justificou a decisão alegando que o plano desenvolvido para expansão dos seus negócios no Brasil requer o cumprimento dos prazos propostos. “A empresa, que atua há 40 anos no País e sempre foi pautada pelos princípios da ética, qualidade e segurança, reforça sua convicção de que a construção da nova fábrica não traria riscos à população de Araras e seria positiva para a região”, completa a nota.
Além disso, a FMC diz ressalta “que respondeu a todos os questionamentos dos órgãos competentes e entregou a documentação exigida, que atesta a plena segurança do projeto”.
Benefícios para a cidade
Para o prefeito Brambilla, Araras perdeu não só na geração de empregos, mas também deixou de conquistar inúmeros benefícios nas áreas de cultura e esporte.
“Estávamos em conversa com diretores da empresa que nos garantiram que a FMC contribuiria com a Prefeitura, por meio da Lei Roaunet, para instalação da Casa da Memória e outros projetos culturais – como fez ao trazer o concerto do maestro João Carlos Martins e da Orquestra Bachiana. Além disso, ela incentivaria também o esporte, com o patrocínio que o União São João tanto precisa”, afirmou.
O prefeito reforçou que a cidade também perdeu a oportunidade de atrair mais empresas e deixou de gerar mais empregos aos ararenses. “A FMC iria atrair mais empresas ao seu redor, que são prestadoras de serviços ou fabricantes de produtos que a FMC necessita. Isso geraria mais emprego e alavancaria o desenvolvimento do Distrito Industrial 5”, concluiu.
Sobre a vinda de novas empresas para Araras, o prefeito garantiu que a administração municipal continuará seu trabalho para atrair mais empresas para a cidade.
“Estudamos uma série de medidas e mudanças na lei do Prodeia para isenção de impostos, o que atrairá mais empresas, gerando mais empregos. Além disso, investimos na profissionalização e na mão de obra especializada, e viabilizamos a instalação das principais escolas técnicas do país, como o Senai, o IFSP, a Fatec e novos cursos para a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos)”, completou.
Estavam presentes também na coletiva o vice-prefeito Carlos Alberto Jacovetti, secretários da administração, os vereadores Éder Müller e Carlos José da Silva Nascimento (Zé Bedé), além do presidente do Prodeia, Salvador Messias Brambilla
Sobre a vinda da FMC
A FMC Agricultural Solutions, indústria química norte-americana que produz defensivos agrícolas, anunciou a construção de uma nova fábrica em Araras em março de 2014.
De acordo com a multinacional, a fábrica de Araras iria complementar a capacidade de produção do parque industrial já existente em Uberaba (MG) e deveria gerar mais de 120 empregos diretos e, na fase de construção, aproximadamente 350 empregos indiretos. O investimento no município seria de R$ 120 milhões.
A unidade de Araras produziria as mesmas soluções tecnológicas já realizadas em Minas Gerais, produtos que controlam doenças e pragas nas lavouras e aumentam a produtividade, contribuindo com o dia a dia e a rentabilidade do produtor rural.
Todas as atividades de produção da FMC são permitidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pelo Ministério da Saúde, por meio da Anvisa (Agência Nacional de Saúde), e pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista.
Araras foi uma das cinco cidades do Estado de São Paulo mais propensas a receber a empresa. Após análises e estudos nas cidades de Araçatuba, Sertãozinho, Paulínia e Presidente Prudente, Araras foi a que mais ofereceu condições para implantação da empresa e cumpriu os requisitos para recebê-la.
Segundo a Revista Exame, a FMC foi a fabricante de defensivos agrícolas que mais cresceu em 2013, com um aumento de 32% em vendas, atingindo uma receita líquida de 911 milhões de dólares, e considerada a terceira do ramo químico/petroquímico no país.
A instalação da empresa em Araras foi amplamente discutida entre o Poder Público e a sociedade. Para isso, duas audiências públicas foram realizadas – uma pela Câmara Municipal e outra pela Prefeitura, no Centro Cultural “Leny de Oliveira Zurita”, que contou com a presença de representantes do Ministério Público, da Cetesb e do Invest São Paulo.
Na ocasião, após questionamentos dos munícipes presentes, o gerente da Cetesb/Mogi Guaçu confirmou que não havia irregularidades no processo de licença prévia e instalação da empresa.
Além disso, o prefeito, vereadores, integrantes da administração municipal e da imprensa local visitaram a empresa e conheceram de perto o processo produtivo dos defensivos.
Na ocasião, o prefeito constatou que a fábrica não traria riscos para a população e reiterou o avanço na tecnologia de produção e manuseio dos produtos, fabricados, segundo ele, com segurança e responsabilidade.
Horácio Busolin Júnior/ Secom