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Publicado em: 06/02/2020 às 15:15
Materiais arqueológicos encontrados em represa farão parte do acervo histórico de Araras
Datados com de 2 mil anos, itens de pedra lascada foram encontrados nas proximidades da represa “Água Boa”, durantes escavações realizadas em 2011; estudos foram feitos pela empresa Origem Arqueologia
SecomParticiparam da entrega dos materiais históricos o prefeito Junior Franco, o vice-prefeito e presidente do Saema, Carleto Denardi, e os secretários municipais, Marcio Neves (Cultura) e Carlos Cerri Jr (Meio Ambiente e Agricultura)

 

Com mais de 2 mil anos, artefatos arqueológicos encontrados durante as escavações para a instalação da represa João Ometto Sobrinho (Água Boa) passam a fazer parte do acervo histórico de Araras. O material foi entregue nesta quinta-feira (6) ao prefeito Junior Franco e será encaminhado à Casa da Memória de Araras Pedro Pessotto Filho.

Segundo estudos da Origem Arqueologia Patrimônio Cultural e Natural S/S Ltda, empresa contratada pela Prefeitura de Araras, por meio do Saema (Serviço de Água e Esgoto do Município de Araras) na época em que os artefatos foram encontrados, os objetos são de pedra lascada e pertenciam a grupos nômades que circulavam pelo local.

“Esses vestígios do sítio arqueológico Água Boa 1 são de comunidades indígenas caçadoras e coletoras. Esses objetos foram encontrados em decorrência do sistema de abastecimento de água do município, são coligados e possuem mais de 2 mil anos”, explicou o arqueólogo Clayton Galdino.

Para o prefeito Junior Franco, o material tem um valor incalculável. “Esses objetos fazem parte da história e do patrimônio de Araras e foram encontrados por acaso, na época em que começou a construção da represa”, completou.

O secretário municipal de Meio Ambiente e Agricultura e então presidente do Saema na época dos achados, Carlos Cerri Junior, explicou que os artefatos pertencem à União, mas estão em posse do Município de Araras. “Recebemos esse acervo, após atualizações das peças por meio do Ipahn (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)”, acrescentou.

Já para Marcio Neves, secretário municipal de Cultura, os artefatos servirão para que a população ararense conheça mais sobre o passado e preserve a memória. “É uma alegria imensa receber esses objetos tão importantes para a história da cidade. São peças milenares e que futuramente estarão expostas na Casa da Memória, em espaço de preservação histórica”, completou Neves.

 

Entenda o caso

Em 2006, teve início a preparação para implementar em Araras uma nova barragem, a represa João Ometto Sobrinho (Água Boa). No local, próximo ao córrego Água Boa, foram realizados estudos arqueológicos pelo Projeto de Prospecções Arqueológicas, coordenado pelo arqueólogo Prof. Dr. Astolfo Gomes de Mello Araújo, e em 2011 constatou-se a existência de um sítio lítico (com material relativo à pedra), com vestígios de artefatos arqueológicos sobre o povoamento da região no passado.

A partir desta descoberta, a Prefeitura de Araras, por meio do Departamento de Meio Ambiente (DMA), que pertencia ao Saema na época, fez uma parceria com a empresa Origem Arqueologia Patrimônio Cultural e Natural S/S Ltda, sob a coordenação do Prof. Dr. Wagner Gomes Bornal, para realização das pesquisas por meio do Projeto de Resgate do Sítio Arqueológico Água Boa 01. Este projeto teve como objetivo contribuir com a difusão e conscientização da importância do patrimônio cultural desta região do Estado de São Paulo. O local foi denominado como Sítio Arqueológico Água Boa 1.

Assim, ao longo dos anos, foram feitas as pesquisas da cartografia regional e local, no âmbito da arqueologia e etno-história, bem como os processos legais para exploração, delimitação da área para preservação do sítio arqueológico, catalogação das peças e documentação junto ao Iphan. A parceria também contou com a capacitação do corpo docente da rede municipal e palestra aos empreendedores com temas relacionados ao Patrimônio Cultural e Arqueológico.

Quanto aos artefatos, tratam-se de objetos de pedra lascada que eram utilizados pelos habitantes da época para cortar, raspar, perfurar, etc. Devido à natureza lítica deste material, acredita-se que esteja associado ao período pré-colonial, ou seja, que aqui viveram grupos nômades, denominados caçadores e coletores, que viviam da caça, pesca e coleta de alimentos disponíveis.

Outras informações sobre os artefatos históricos podem ser obtidas pelos telefones 3541-5763 e 3542-5807.

 

Secom/Prefeitura de Araras