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Publicado em: 04/01/2016 às 12:30
Primeiros animais reabilitados pelo Centro Pró-Arara serão soltos na natureza
Aves passaram por tratamento e reabilitação no setor, localizado no Lago Municipal; ao todo, 18 araras-canindé e 50 papagaios serão soltos nesta quarta-feira (6)

As primeiras aves assistidas pelo Centro de Reabilitação de Animais Silvestres Pró-Arara, que funciona no Parque Municipal Fábio da Silva Prado (Lago), serão soltas na natureza na manhã desta quarta-feira (6).

Os animais já estão em processo de adaptação na Área de Soltura e Monitoramento (ASM), instalada em área particular, que fica na zona rural da cidade – a localização é mantida em sigilo por questões de segurança, evitando que as aves virem alvo de roubo ou caça predatória.

Ao todo, serão 68 aves - 18 araras-canindé e 50 papagaios – contabilizando também algumas que vieram de outros centros de triagem e reabilitação. A soltura anterior, que aconteceu em janeiro de 2015, envolveu apenas animais que passaram por reabilitação em outra instituições do Estado – pela primeira vez, o procedimento contará também com aves reabilitadas totalmente em Araras.

Tanto o Centro de Reabilitação quanto a Área de Soltura integram o projeto Pró-Arara, que é realizado pela Prefeitura de Araras em parceria com o IBPN (Instituto Brasileiro de Proteção à Natureza) e tem por objetivo reabilitar aves silvestres, apreendidas pela Polícia Ambiental, para sua reintrodução ao habitat natural.

A veterinária e coordenadora do Centro de Reabilitação, Fernanda Senter Magajevski, explica que o tempo de permanência das aves no local depende muito de como elas são encontradas. “Isso depende muito do estado de saúde de cada uma e de como irão se comportar durante todo o processo. Isso varia de ave para ave. Algumas podem se reabilitar facilmente e ficar aqui durante uma semana ou um mês. Outras levam até um ano para serem liberadas à área de soltura e monitoramento”, disse.

No Centro, as aves passam por exames e também por cuidados veterinários, se necessário. A equipe é formada por um veterinário, uma bióloga, três cuidadores, além de auxiliares administrativos.
Depois deste período de tratamento e reabilitação, elas são encaminhadas à Área de Soltura e Monitoramento, que fica na zona rural.

“Temos relatórios pontuais de avistamentos de araras e papagaios em um raio de 40 km no entorno da área de soltura e monitoramento. Além disso, há casais de papagaio que passaram por reabilitação e já se reproduziram na natureza, e outros casais de araras já formados também”, revela Rogério Caldas, presidente do IBPN.

Ele reforça que o objetivo principal do projeto Pró-Arara é justamente este: promover a reprodução das espécies, para que essas jovens aves possam povoar os fragmentos florestais da cidade.

“O projeto Pró-Arara foi aprovado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado justamente porque Araras possui inúmeros fragmentos de floresta. A proposta é que estas aves soltas possam se acasalar e voltar a povoar esses fragmentos. Desta maneira, iremos contribuir para evitar a extinção, principalmente das arara-canindé, dentre outras aves ameaçadas”, explicou.

Em janeiro do ano passado, 73 aves assistidas pelo Projeto, que passavam por readaptação na Área de Soltura e Monitoramento, foram soltas na natureza - foram 54 papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva) e mais 19 araras da espécie canindé.

Pela primeira vez em aproximadamente 100 anos, os fragmentos florestais da zona rural da cidade passaram a ser povoados novamente pelas araras-canindé, que possuem penas azuis e amarelas, além de fileiras de penas faciais pretas e garganta também preta. Elas têm comprimento que varia entre 75 cm e 86 cm e peso entre 995 g a 1380 g. A base de alimentação das aves são frutas e sementes na sua maioria de palmeiras.

Centro Pró-Arara: o único do interior mantido com recursos municipais

O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres do projeto Pró-Arara, inaugurado em julho de 2014, é o único do interior de São Paulo mantido com recursos municipais.

“Somos uma das únicas cidades do Estado de São Paulo que bancam com recursos próprios a manutenção de um centro como esse. Fazemos um trabalho de “formiguinha”, mas que terá um resultado muito produtivo no futuro. Queremos que os cidadãos se conscientizem da importância na preservação ambiental e dos impactos nocivos do tráfico irregular de animais na natureza, o que é um dos principais motivos para extinção de espécies importantes para o equilíbrio do biosistemas”, afirmou o prefeito Nelson Dimas Brambilla.

No primeiro ano de funcionamento, o Centro Pró-Arara recebeu 239 animais silvestres, sendo 38 de espécies diferentes de aves e duas espécies de mamíferos - três ouriços-cacheiros e um gambá.

Entre as espécies de aves, que são o público-alvo para reabilitação no Centro, foram recebidos papagaios de três gêneros (verdadeiro, do mangue e campeiro); periquitos maracanã, rei e do-encontro-amarelo; jandaias-da-testa-vermelha; tucanos; corujas; gaviões; carcarás; siriema; e um urubu já reabilitado e devolvido à natureza.

Já da espécie passeriforme, popularmente chamada de passarinho, foram encaminhados e reabilitados trinca-ferros, coleirinhos, canários-da-terra, pássaros-pretos, curiós, etc.

O que fazer ao encontrar aves silvestres (araras, tucanos, papagaios, entre outros)

· Não capturar as aves e nem mantê-las em cativeiro – sujeito à multa de R$ 500 para aves silvestres e R$ 5 mil para aves ameaçadas de extinção (Fonte: Polícia Militar Ambiental)
· É recomendado alimentá-las somente com água, frutas e verduras; evitar rações e sementes
· Não criar vínculos e não domesticar as aves, que devem permanecer selvagens;
· Caso encontre alguma ave machucada, entre em contato diretamente com o Centro Pró-Arara, pelo telefone 3542-3538
· Em caso de suspeitas de maus-tratos ou tentativa de captura das aves, acionar imediatamente a Polícia Militar Ambiental pelo telefone 3541-4796.

Renato Cozza/Secom